Aventuras e Peripécias

Dia 1 - Viagem Branca

A aventura começou com o carro muito carregado e um calor insuportável.. Dentro do carro, os 48º eram arrefecidos pelo ar condicionado, que alternava com uma toalha molhada que partilhávamos. Entre estradas estreitas, a costa vicentina deixava-nos deslumbrar as magníficas planícies junto ao mar pois, pela frente, apenas víamos a traseira de uma auto-caravana branca, que não nos permitia circular a mais de 20 km/h. Abençoada musica portuguesa que ainda nos deixava sorrir e cantar de forma delirante.

Finalmente chegámos! Era o momento de estrear a tenda, abri-la e montá-la pela 1ª vez.. não fossem os nossos "vizinhos" alemães, ainda estaríamos a perceber o que aquele manual nos queria explicar. Nem parecíamos escuteiras, muito menos, recém chegadas de um acampamento. Mas tudo se fez.. até o jantar. 


Dia 2 - Deixa o Resto

Nos meandros das reservas naturais, por entre lagoas e sabores, hoje deixámos-nos levar pela magia de uma costa vicentina diferente. 

As dunas de grão de areia dourada, donas de uma luminosidade muito própria e encantadora, são simultaneamente ladeadas quer pelo extenso lençol de água do Atlântico, quer pelas lagoas que se prolongam até às homónimas aldeias, através de extensos arrozais e pequenas ilhas.   

De Melides à Lagoa de Santo André, apenas a canja da Cascalheira, servida na boa malga de barro, nos fez parar. Antes mesmo que o nome da terra seguinte nos fizesse deixar o resto para trás..

No fim da tarde, contrariámos a avestruz e levantámos a cabeça, espreitámos além das escarpas que o mar teima em desenhar nas encostas e, descobrimos o cerro da águia.. Curiosas, amanhã iremos lá a baixo, onde parece que ninguém deixa rasto.


Dia 3 - Almir e Eleonor

Hoje foi dia de mergulhar nesta terra de lendas, de paisagens idílicas do tempo da pérsia e dos vizires*. Paisagens em que o homem pede licença à natureza por nela se amalgamar, imiscuindo-se nos mistérios das sáfaras, ladeadas pelas searas douradas, pela paixão que despertam e que nos fazem querer sonhar..

Descemos ao Cerro da Águia, uma praia paradisíaca, quase inacessível, de águas transparentes e cálidas, com tuneis e recantos talhados pelo escopro de Posídeon. Talvez um dos muitos locais que apaixonava o vizir Almir, sempre que "[...] passeava ao longo do recorte de uma longa costa, salpicada de enseadas e praias de areia sedosa, que ainda hoje emolduram as extensas planícies douradas do Alentejo. Num dos seus longos passeios, perdeu-se no encanto imenso das belezas naturais da região e parou nas redondezas de um pequeno castelo, rodeado por um vasto jardim de gerânios. [...] Almir tinha ainda guardado o lenço que Eleonor bordava quando se olharam pela primeira vez. Um dia antes de morrer, enterrou-o no seu jardim de gerânios e desejou que quem se beijasse na sua presença fosse abençoado na sua relação."

Porto Covo é, sem dúvida, "um espaço inspirado na magia das noites árabes e nos amores proibidos".

"Durante as obras de requalificação foi encontrado um pequeno cofre deteriorado, contendo um lenço bordado muito antigo. Consta que poderá ser o lenço que Eleonor ofereceu a Almir. Para homenagear o achado, e precisamente no local onde o mesmo foi descoberto, nasceu um lago de águas calmas com carpas koi, libelinhas e rãs."

E surfando nesta onda de lendas e paixões, também hoje a vida nos brindou com a presença de um sonho meu, estacionado mesmo na frente da nossa humilde tenda: uma VW Pão de Forma de 1969.

Talvez seja destino..

A caminho de São Torpes, na companhia das avestruzes, irrompe um ícone da presença nefasta do homem. 

O dia não podia ter sido melhor pois, quando embebidas de toda a magia desta vila, fizemos da ida à piscina deste fantástico Camping, o fim de tarde perfeito!

Há quem se esmere por deixar o sol vicentino tatuar-lhe sinais de uma alma cheia..

A Lenda do Vizir

*Um vizir (وزیر em persa) era um ministro e conselheiro de um xá (rei da antiga Pérsia), figura adotada pelos muçulmanos no século VIII. Cumpria as ordens do soberano, mantendo o monarca distante da execução de tarefas administrativas, preservando assim a reputação do califa ou sultão, que era o governante temporal e espiritual da comunidade. 

in https://pt.wikipedia.org/wiki/Vizir


Dia 4 - Fragmentos perdidos

Contrariamente ao imortalizado pelo Rui Veloso, sobre um poema do Carlos Tê, que ao que consta nunca esteve nestas paragens antes do escrever (provando que os poetas vivem numa dimensão acima do comum dos mortais), nunca houve nenhum pessegueiro na ilha, nem o seu nome daí advém.

Apenas a sua liberdade poética o permitiu inventar que um tal de Vizir da bela vila que tem no seu nome, o nome do rio que a bordeja (Odemira) o havia ali plantado pouco antes de por amor haver posto termos à vida.

E assim saímos da Praia da Ilha do Pessegueiro em busca de lembranças, fragmentos de uma reminiscência perdidos no tempo, de férias passadas em Vila Nova de Mil Fontes.

Para além de um farol que já não existe (apenas o forte sobrevive), de um mercado em descampado. com umas bancas metálicas de venda da fruta que deu origem a um complexo de cimento, para a mesma atividade, nada se mantinha fiel à minha memória fotográfica de criança!.

Talvez nem mesmo ainda existam conterrâneos de um peixe-aranha que outrora naquelas margens um dia me picou. O descampado que ainda tentei reconhecer, foi local onde aprendi com o meu pai a encontrar no céu as míticas constelações e a deslumbrar-me com as histórias e lendas a elas associadas..

Num incessante retrocesso nostálgico, tentei que as minhas filhas vissem com os seus olhos o que eu senti nos Verões em que aquela vila foi destino de férias mas, Milfontes permitiu-me num regresso ao passado, sentir-me em paz num presente que teima em desafiar o momento e piscar o olho à agitação de uma rotina inquieta.

Celebrando a calma apaziguadora do dia, acabei por encontrar mote para celebrar o meu 39º aniversário que se avizinha: um Sunset Ribatejano. Onde o branco, a música, a areia e a luz das velas, misturadas com as tapas e a sangria, permitir-me-ão disfrutar de uma das coisa mais valiosas que a vida me brinda: a família de coração!

O por-do-sol impunha algo que se tem tornado ritual nas nossas férias, onde o que nos une é maior e mais forte do que o que nos separa.. 

Massagem realizada na Praia da Franquia por Sam Chan, um Tailandês de sorriso doce e tímido, que nada mais sabia dizer, fosse em que língua fosse, que o seu nome.


Dias 5 e 6 - Velhos Lobos da Ria

Deixámos para trás a Costa Vicentina, com a certeza de que iremos regressar. 

Olhámos o caminho com receio pois, apesar de não sabermos exactamente em que zona a Serra de Monchique estava a ser devastadoramente afectada pelos fogos, por muito alheadas que estivéssemos de meios de comunicação social, sabíamos porém, que iríamos passar na EN 267.

Com algum espanto, pela primeira vez, tivemos um belo dia de Verão, com um bonito céu azul e uma temperatura que se coadunava com o interior alentejano, tão doirado quanto o sol que nos iluminava o caminho em direcção ao Sotavento.

Finalmente Cabanas de Tavira... e a aventura começou mesmo aqui!

O Parque de Campismo não está em terreno adequado para a montagem de tendas pois, pela tipologia do solo calcário, estacar a tenda foi apenas com cavilhas e martelos de aço. Um agradável parque de caravanas mas, longe das fabulosas condições da Costa do Vizir.

Felizmente a piscina estava incluída e, as princesas aproveitaram para se deliciarem. Apesar de estarmos longe do lar, há sempre alguém com quem nos cruzamos e que nos faz sentir mais próximas de casa. Por ter sido tão desgastante, caímos redondas num profundo sono, deixando para hoje o resumo da nossa passagem pela Ria Formosa..

E se Aveiro é a Veneza portuguesa, toda a extensa paisagem natural da Ria Formosa não deixa de fazer lembrar um pouco do mesmo, quanto mais não fosse, pelos inúmeros canais formados e submissos às marés.

Da bela localidade muralhada de Cacela-a-Velha, contempla-se a Ria Formosa e a ilha-barreira onde se situa a praia marítima, também designada Praia da Fábrica. Uma praia de areia fina e branca, extensa, que forma uma barreira física contra o avanço do mar e que protege as águas calmas e pouco profundas da Ria Formosa. Pouco profundas mas, com "personalidade"!

Descemos a muralhas por umas escadas ladeadas por catos e, apesar de existir uma placa de embarque, algo não fazia sentido pois, não existia nem água nem barcos naquele local. E o que estava ao alcance da vista, ainda tínhamos umas centenas de metros de areia para palmilhar até chegarmos à beira-mar.

Mas, não só não reparámos que todo este deserto se devia à maré baixa como também não previmos que a mesma, quando subisse, o fizesse em curto espaço de tempo, nem que criasse zonas de fundões, em que a corrente da ria, por se tornar tão forte, tirava a areia do fundo dos pés, criando a sensação de areias movediças.

Começamos a travessia de regresso, com um vento desagradável e com a água pelos joelhos, deixando para trás uma paisagem quase selvagem, tranquila.. mochilas às costas, toalhas de praia, chapéu, saco térmico enfim, o regresso era em direcção ao carro para irmos conhecer a praia de Altura... mas, na altura, e face à altura repentina que a água da ria adquiriu, a meio caminho tentámos o regresso para a zona de embarque com tudo à cabeça, salvando os bens e entre ajudando todos, os que ingenuamente arriscaram, por não sermos lobos de uma ria com manhas desconhecidas.

Por fim nas margens, depois de resgatadas pelo barco. 

Retirar tudo dos sacos, colocar a secar por cima de arbustos secos, enfim, descomprimir um pouco. E com auxílio de samaritanos, o pouco a lamentar de toda esta peripécia, foi o telemóvel e um hotspot... 

Apesar das gargalhadas inocentes das minhas filhas, próprias de quem não teve noção da realidade, eu senti a impotência de quando o Homem não se consegue sobrepor aos desígnios e dinâmicas da Natureza.

À noite, na companhia dos samaritanos Cristiano, Ellie e Aldir, que a vida nos fez cruzar em caminho, fomos a Tavira, cidade banhada pelo Rio Gilão. Talvez pelos traços dos muitos vestígios românicos, fez-me lembrar um pouco Tomar.

Na Praça da República, o som do corridinho mostrava, a todos quantos quiseram ver e ouvir que, por amor a tradições, o puro folclore algarvio não tem idade, apenas merece muita coordenação.

Ficou a vontade de conhecer a zona do Sotavento com outra disponibilidade que as desventuras não permitiram: a cidade de Tavira, a Cacela Velha, a Praia Verde, a secreta cascata do Pego do Inferno..


Dia 7 - O Oásis de Sam

Levantámos ancora e de Tavira, fiz rumar as duas irmãs a Dos Hermanas.

O destino será Sevilha mas, foi engraçado explicar como funcionavam as fronteiras e respetivos postos fronteiriços, assim que passámos a ponte sobre o Guadiana.

Percorremos o bastião fronteiriço, a ponte de ligação onde Vila Real de Santo António molha os pés nas águas do Rio Guadiana e olha para Ayamonte. Onde o encontro entre água doce e água salgada faz a síntese do Al Garb e do Andalus, com a mesma beleza que encanta desde as Lagunas de La Ruidera.

Quase três décadas após a abertura da ponte, em 1991, recordei os tempos em que a travessia fluvial era a única forma de passar esta fronteira luso-espanhola, a mais antiga da Europa, permanecendo inalterável desde há 750 anos, quando foi assinado o Tratado de Badajoz.

Chegamos a Dos Hermanas, uma pequena localidade nos arredores de Sevilha, onde encontrámos um paraíso para nos instalarmos. Um parque modesto mas que se assemelha a um pequeno Oásis no meio de uma paisagem desértica, salpicada por armazéns industriais.

Após um banho na piscina, resolvemos ir conhecer o centro urbano da mesma mas, deparámo-nos com uma realidade muito tentadora de nuestros hermanos: a hora da siesta. Uma autêntica cidade fantasma onde apenas encontramos uma tasca aberta, por sinal com uma senhorita muito simpática e hospitaleira. Louvado o esforço que fez por nos encantar com uma "vida" que não conseguimos imaginar, em todas as ruas silenciosas que percorremos.

De regresso ao campo Vilson, cruzámo-nos com um "vizinho" de tenda, cujo únicos bens estavam acoplados à sua bicicleta. Um peregrino de si próprio, com uma história de vida que se perdeu algures em si próprio. Contou-nos, sob a luz de um alpendre, que havia saído de Gales de bicicleta, apenas com o essencial, com o objetivo de chegar até onde se encontra a sua mãe, em Arcos de La Frontera.

Com pronuncia vincadamente British, e apesar das roupas de ciclismo e o cabelo desgrenhado, estas não escondiam, de todo, trejeitos vitorianos. O fascínio das histórias que contou, desta aventura que estava a findar (e que eu ia traduzindo para elas), fez com que a noite nos aconchegasse de encanto.


Dia 8 - Olé! A Sevilha de Ellie

O dia começou com um bilhete deixado pelo Sam, pouco antes de partir.

Hoje rendemo-nos aos encantos desta cidade sedutora situada nas margens do Rio Guadalquivir. Sevilha é, talvez, uma das cidades com mais história do mundo. O legado histórico dos navegadores espanhóis ainda se respira na cidade, entre jardins e igrejas, pátios e bairros, ruas e monumentos: a cidade transpira paixão!

É uma sucessão de culturas diferentes que durante séculos têm enriquecido o seu património e que conta uma história muito antiga, desde os primeiros povos ibéricos, passando pelo Império Romano, as invasões bárbaras, os islâmicos, até aos dias de hoje.

Se em Roma sê Romano, em Sevilha, "calça os sapatos" dos Sevilhanos ou seja, aluga uma bicicleta. E assim foi, seguimos o conselho da Ellie que aqui reside (apesar de estar a estudar Medicina em Sófia).. a cidade está estruturada para que residentes e viajantes a percorram neste meio de transporte.

Durante 6 horas, sob um calor insuportável e um ar seco, pedalámos por alguns destes locais... 

Museu de Belas Artes

Com exposições permanentes que atravessam as correntes renascentistas e barrocas.

Metropol Parasol

Monumento de arquitetura moderna, é conhecido popularmente como Las Setas de la Encarnación  

Museu do Balle Flamenco (Museu da Dança Flamenca) 

Bairro de Santa Cruz

Aquela que é uma das zonas mais visitadas da cidade, e considerada como uma das mais "típicas", não tem raízes em tempos de antanho. Começou a "nascer" por volta de finais dos anos 20, no espaço onde jazia arruinada a velha judiaria da cidade. No horizonte estava a Exposição Ibero-Americana de 1929 e o objectivo era construir um modelo exemplar de um povoado andaluz.

As ruas deste bairro judeu são encantadoras e revelam a autêntica alma andaluz: a profusão de cores, as ruas estreitas e sinuosas, entre antigas muralhas e pátios escondidos, os tradicionais becos iluminados pelas paredes caiadas de branco e decorados com laranjeiras, as igrejas que outrora foram sinagogas, as casas andaluzas que mantêm histórias centenárias e as mansões imponentes por que passámos. 

Passámos por alguns locais cujas filas para se poderem visitar não nos permitiu fazer a paragem merecida.

A Catedral de Sevilha

A Catedral de Sevilha fica situada na bela Plaza de Los Reyes e foi construída sobre uma antiga mesquita islâmica do século XII, mas ainda conserva alguns elementos originais da mesquita. Dizem que no seu interior estão várias obras de arte, esculturas e pinturas, assim como o túmulo de Cristóvão Colombo. Em 1401, foi demolida e reconstruída pela Reconquista Cristã.

É a maior Catedral Gótica do mundo e a segunda maior Igreja Católica de Espanha. 

O Pátio dos Naranjos (outro elemento de origem árabe) constitui o antigo pátio de ablução da mesquita, o local onde os fiéis se levavam antes de entrarem na mesquita para fazer as orações.

Hoje, para além dos imensos turistas, esta Catedral está inundada de ciganas, que se impõem numa leitura da sina em troca de uns raminhos de arbustos como forma de nos "limpar dos pecados".

Real Fábrica de Tabacos

Entrámos nos seus jardins deste edifício que é hoje Universidade de Sevilha e contornámo-lo, na expectativa de a conseguir visitar. Em vão, apenas a Matilde fez da sua queda de bicicleta a única referência viva daquele local.

A Torre del Oro (Torre do Ouro)

Continuámos a pedalar pela marginal rio Guadalquivir. Esta torre de vigia, construída pelos Mouros e usada mais tarde como prisão e armazém para os tesouros trazidos das Américas, era uma fortaleza e fazia parte da muralha defensiva que começava em Alcázar. Foi construída em 1222 e hoje abriga o museu naval.

La Maestranza Real (a Praça de Touros)

Esta é uma das mais antigas e famosas praças de touradas do mundo.

Bairro de Triana

Este Bairro tem história, tem histórias, e pelo menos uma delas pouco nobilitante: nos anos 60, as autoridades municipais decidiram expulsar da zona as comunidades ciganas. Mas como a alma se faz imortal também para as coisas lúdicas, o flamenco regressou às ruas da Triana, particularmente a uma área conhecida como Las Tres Mil Viviendas. É nessa espécie de trincheira, onde se resiste aos estragos da modernidade, que "cantaores, bailadores y musicos" mantêm viva a arte do flamenco num dos seus espaços de eleição, a rua.

Este Bairro é, na verdade, um museu contando a história de como a cerâmica se desenvolveu às margens do Guadalquivir. Segundo uma frase atribuída a Cristóvão Colombo, "riquezas não fazem um homem rico, apenas o tornam mais ocupado"

Nos tempos dourados de Sevilha, Triana forjou muito da sua alma: enquanto a cidade florescia, este Bairro foi a terra dos deserdados, de artesãos pobres, de marinheiros e soldados rasos, refúgio de ciganos e dos pobres da cidade. Gente que se amontoava em cortiços (os corrales) e se divertia nos tablaos, tabernas e prostíbulos que abundavam na área.

A produção cerâmica foi um dos ofícios principais da base do seu desenvolvimento, desde sua origem, existindo uma coexistência subtil do trabalho artesanal (olarias, carpintarias, fábricas de azulejos e oficinas) e as restantes atividades artísticas que têm forte identidade e é refletido nas suas ruas movimentadas.

A tradição da cerâmica também persiste e o bairro acabou de ganhar um museu dedicado a essa arte, na antiga Fábrica de Cerâmicas Santa Ana, onde o azulejo de Triana tem séculos de renome, com desenhos e técnica muito característicos.  

Giralda

A Giralda está situada na área onde estava a Grande Mesquita, demolida no século XV e que foi salvo apenas este minarete que se transformou numa torre de sino da atual catedral. Tem no topo uma réplica de um Giraldo, uma estátua de bronze que representa a fé. 

Arquivo das Índias

Reúne alguns dos maiores testemunhos da importância de Sevilha na descoberta do Novo Mundo. Páginas de manuscritos, mapas e esboços sobre as expedições espanholas.

Al Alcázar

Alcázar significa "palácio" em árabe. Eram as fortalezas dos mouros que foram adaptadas a partir de 1364 para se transformarem na residência do Rei. É um belo exemplo da arquitetura mudéjar, uma combinação de culturas e estilos: islâmico, gótico e renascentista.

Praça de Espanha

Parque Maria Luísa

Os luxuosos jardins de árvores exóticas, deixados como herança para a cidade em 1893 permitiu-nos relaxar e hidratar um pouco, num banco de azulejos coloridos, enquanto observámos fontes e piscinas mouriscas.

Rio Guadalquivir

Acompanhou grande parte do nosso percurso enquanto pedalámos. Ele marca a história e a vida de Sevilha, é o único rio navegável da Espanha e divide a cidade em duas sendo conhecido por "puerto y puerta de indias".

Puente de Isabel II (Puente de Triana)

é uma ponte com 3 arcos, composta de pedra e metal, que foi construída entre 1845 e 1852, durante o reinado da filha de Fernando VII e se tornou a ponte mais conhecida de Sevilha., unindo o Bairro a Sevilha. 

Após o regresso à Plazza de la Concordia para devolvermos as nossas companheiras de jornadas, e por estramos muito cansadas, resolvemos parar numa das muitas Tabernas para nos deliciarmos com umas merecidas Tapas.

Alhures, um pouco por toda a parte, multiplicam-se esses pequenos paraísos onde, copos de manzanilla ou de vinho branco acompanham o salmorejo, nacos de jamón ou picadillo.

O regresso ao campo fez com que o dia terminasse no conforto de um banho refrescante.


Dia 9 - A Magia de Sevilha

A Isla Mágica é um parque de diversões temático que está situado na Ilha da Cartuja. Esta zona foi construída de raiz para a Expo 92 de Sevilha. O Parque foi construído em 1997 dando vida a um dos locais mais bonitos da cidade, que ficara praticamente abandonado quando a famosa exposição fechou portas. Com zonas temáticas diferentes, a Isla Mágica apresentava-se como um parque que nos iria fazer viajar no tempo e reviver lugares e costumes da Época dos Descobrimentos Espanhóis do século XVI e XVII. 

Mas isso é dizer pouco para toda a experiência e diversão que nos proporcionou durante todo o dia!

Todos os divertimentos associam um ambiente mágico, em que cada um deles, nos permite superar-nos e em ultima análise, superar o calor intenso e seco com valentes molhas, insistindo em não nos retirar o sorriso da alma, piscando o olho, constantemente, ao próximo desafio.

https://www.islamagica.es/pt-pt/mapa-e-zonas-tematicas/

Puerto de Indias

Aqui viajamos no tempo e voamos até ao século XVI quando Sevilha vivia no auge da era dos descobrimentos onde a cidade vivia num reboliço de mercadores e das novidades do Novo Mundo.

Apenas não fomos à Torre El Desafio. É incrível a altura que tem, e cai-se totalmente em queda livre.

Puerta de América

Nesta nova área entramos no ambiente do Novo Mundo com o seu imponente forte e a recriação das cidades coloniais e dos Galeões. Há ainda atrações e espetáculos durante todo o dia por entre todas as zonas da isla. No Forte, assistimos ao "Merlín y los magos del Tiempo", um espectáculo que utiliza a tecnologia, o mapping, a magia, a fantasia e as emoções num fabuloso espetáculo visual.

Amazónia

Chegadas às Américas, começamos a entrar na densa vegetação da Amazónia e se ainda não estávamos suficientemente molhadas ou a adrenalina ainda não nos havia feito disparar o coração, a emoção acontecia aqui. Mergulhámos pelas cataratas de Iguaçu com um barquinho que cai numa ravina e nos deu uma molha daquelas memoráveis.

Ainda mais entranhado naquela pequena selva, fica o divertimento mais emocionante do parque: El Jaguar. Uma emocionante montanha russa, com os carrinhos suspensos, que promete voltas e reviravoltas, onde, até os mais destemidos, sentem "borboletas esvoaçando nas suas barrigas".

La Guarida de los Piratas

Com tanta viagem pelos mares, aqui somos convidadas a entrar directamente no seu covil. São vários navios ali escondidos entre as tabernas e caveiras que guardam os tesouros roubados. E há coisa melhor do que combater estes piratas com pistolas laser e depois meter a cabeça às voltas num barril de rum? Ou até mesmo vestirmos os fatos da época?

El Dorado

De novo, envoltas em vegetação exuberante, entramos nos mistérios da misteriosa e lendária cidade dourada e de toda a cultura azteca. Todo este cenário é um deleite e um hino às culturas pré-colombianas, que nos presenteia com mais um tumultuoso rio, em que navegamos numas bóias e claro, que resulta em mais uma valente molha.

La Fuente de la Juventud - Apesar de ser uma zona do parque dedicada e pensada para as crianças, a nossa "orquinha" já ultrapassava a altura máxima para a maior parte das diversões. Como tal, foi uma zona que não visitámos. 

La Metropolis de España - Nesta zona, mais virada para o futuro, vivemos a experiência do cinema 4D.

Ao fim do dia, deixámos a Isla Cartuja e seguimos até à Triana. Num restaurante pitoresco, dedicado ao mundo das motos e motards, jantámos na Garagem.

Sem dúvida que a noite tem outro encanto na Triana e Sevilha faz-nos sentir encantados por uma magia de cheiros e lendas, história e estórias, recantos e paisagens, tradições e cultura, sabores e paixões.. Tudo em Sevilha é intenso!


Dia 10 - Casa Lusitana

O regresso ao nosso país, por mais curta que seja a estadia no exterior, suscita em nós o mesmo conforto que sentimos de pequenos luxos que desvalorizamos: o café, a toalha fofa a que nos limpamos, depois de um banho confortável, o regaço de uma cama, as notícias sobre um mundo do qual nos alheámos durante estes dias, a alegria de quando a primeira placa, na Red de Carkreteras del Estado indica a palavra "Portugal"..

De Sevilha seguimos rumo a Évora, com paragem em Zafra e Badajoz.

Finalmente, de entre as vastas planícies alentejanas, surge no nosso horizonte o Aqueduto da Água de Prata, que se estende para lá da muralha medieval da cidade: chegámos a Évora!

Check-in feito no Hotel (um pequeno luxo em jeito de prenda de aniversário que dei a mim e às minhas princesas), banho tomado, roupa mudada, novo espírito para partilhar com elas e dar-lhes a conhecer um pouco desta cidade-museu, considerada Património Mundial pela Unesco desde 1986.

As suas muralhas guardam ruas e edifícios praticamente inalterados ao longo dos séculos, rodeados de casas caiadas fazendo com que a História e o presente tricotem estórias que as pedras jamis revelaram.

Chegadas à centenária Praça do Giraldo, centrada em torno da Fonte Henriquina, por entre arcos e empedrados, visitámos o comércio local. Mais tarde, sob o olhar de Diana, visitámos o Templo, adiando para amanhã outras visitas a locais, cujo cansaço já não nos permitiu.

Com a recomendação de um polícia local, cuja proeminência abdominal me fez julgá-lo um bom garfo, jantámos na Choupana.

Restaurante pitoresco cujo empregado, revela a essência do verdadeiro alentejano: "Aviso desde já, que a açorda é coisa para demorar pois ainda tem de picar o alho e os coentros.. e só aviso pois já sei como é que a catuca funciona.."

Delicioso! 

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